domingo, 24 de julho de 2011

Paranóide

A estupidez humana é, definitivamente, a única força com a qual sempre se pode contar; graças a ela consegui arrebentar uma costela...
Nos dias em que fiquei em “repouso”, comecei a pensar neste e em outros comportamentos estúpidos e no modo como as pessoas reagiram a eles.
Hoje eu sei que sofro de algo chamado “distúrbio paranóide de comportamento”, não tem cura e o tratamento é um pouco cruel, consiste apenas na adaptação à vida social. É algo que surgiu na infância por uma série de motivos, todos relacionados ao convívio.
Nas sessões de terapia e nas consultas psiquiátricas, discute-se o relacionamento com pais, irmãos, amigos, namoradas, colegas de trabalho, porém a única coisa que percebo é que ninguém nunca “aliviou” comigo.
Não consigo abandonar a ideia de que, se as pessoas se pusessem no meu lugar, teria me tornado alguma coisa melhor.
Pena que não posso mais dizer isso ao meu pai.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hora do Rush

Estava na rodovia dos Bandeirantes, voltando para casa depois de dez horas de trabalho, quando toca o telefone. Era da operadora de cartão de crédito, oferecendo um brinde, a escolher entre um par de ingressos para o show do Rush ou um par de ingressos para o show(?) do Exaltasamba...
Depois da óbvia opção canadense, um pensamento surgiu: em menos de um quarto de segundo, consegui pensar em pelo menos 18 senhoritas que me acompanhariam no pagode, porém só conheço uma que gosta de Rush, que devido ao fato de ser casada abandonou a condição de senhorita e de acompanhante.
Basta um pouquinho de distração e a vida nos empurra na direção de pessoas, lugares e coisas que em nada se identificam conosco. Pior de tudo, pessoas, lugares e coisas que se tornam referência, dificultando a procura de nossa “praia”.
Sei lá, vou dormir.

domingo, 9 de maio de 2010

Fábula

Em tempos muito remotos (para dar credibilidade à estória), um sábio viajava com seu discípulo quando avistou uma fazenda. Curiosamente, notou que não havia nenhuma plantação, apenas uma vaquinha.
Dirigindo-se à fazenda, perguntou se ele e seu discípulo poderiam pernoitar ali, tendo resposta afirmativa do fazendeiro.
Durante a noite, o sábio dirige-se ao fazendeiro:
– Notei que não há nada plantado nesta terra. Não seria conveniente que assim fosse?
Responde o fazendeiro:
– Não precisa. A vaquinha me dá leite, que a gente bebe; o que sobra a gente faz queijo, manteiga e ainda troca com os vizinhos por outras coisas.
Depois de mais algum tempo de conversas tão inúteis, o sábio e seu discípulo foram dormir (a lenda não esclarece se foi na mesma cama...).
Pela manhã, os viajantes despedem-se do fazendeiro. Ainda na fazenda, o sábio diz ao discípulo:
– Tá vendo aquele barranco ali? Joga a vaquinha lá.
– Mas mestre – retrucou o discípulo – se eu fizer isto, como o fazendeiro vai sobreviver?
– Caralho, joga a porra da vaca no barranco! – proferiu sabiamente o mestre, sendo prontamente atendido pelo discípulo.
– Vaza! – exclamou cheio de amor o sábio, enquanto corria.
Muitos anos se passaram, até que o sábio morreu e o discípulo se tornou o novo mestre. Com a consciência incomodada, retornou à fazenda do começo da estória e ficou surpreso com o que viu. Plantação de tudo: goiaba, pepino cajá, espada de S. Jorge, umbu (como pode umbu ser tão gostoso?) e outras muitas coisas.
No lugar da casinha, tinha um belo tríplex, com uma Hilux na porta.
Chegando mais perto, encontra o fazendeiro, que o cumprimenta, lembrando-se da visita anterior. O novo sábio pergunta:
– O que aconteceu para que tudo mudasse por aqui?
Responde o fazendeiro, cheio de amor no coração:
– Naquela noite em que você esteve aqui, apareceu um filho da puta e jogou minha vaquinha no barranco. Aí eu tive que fazer outra coisa e resolvi plantar.
A fábula acaba aqui, mas jogaram a minha vaquinha no barranco e parece que o filho da puta fui eu. Agora é só começar a plantar, mas não estou sozinho: tenho um livro sobre cultivo de bonsai.

sábado, 27 de março de 2010

Apagão

Já faz bastante tempo que as coisas andam muito confusas na minha cabeça. Uma opção relativamente infeliz de vida, dedicação extrema ao trabalho, tem me colocado numa situação de pressão exagerada.
Então houve uma sexta-feira, quando recebi duas péssimas notícias relativas à minha vida profissional, que minha cabeça começou a trabalhar num ritmo mais acelerado do que de costume, até que chegou um determinado momento em que simplesmente “apaguei”.
Fui acordado com uma abordagem agressiva de um policial, dentro do meu carro, no estacionamento de um posto de gasolina na beira da Castello Branco.
Feitos os devidos esclarecimentos, fui informado que me encontrava desaparecido por 20 dias.
Passada a tremedeira inicial, me dirigi ao banheiro, olhei-me no espelho e vi uma péssima aparência, roupas sujas, um sentimento de fraqueza física. Fui resgatado pela minha família e a única coisa que tinha para dizer é “não sei”.
Poucas horas depois, todos os pensamentos que pesavam na minha cabeça voltaram, só que agora tem uma coisa pra piorar. Sempre tive a minha intelectualidade como a principal ferramenta de sobrevivência. Depois do “apagão”, passei a por isto em dúvida e agora me sinto mais fraco do que antes.
Segundo minha mãe, deveria encarar a coisa como um “nascer de novo”, recomeçando a vida a partir de agora.
Talvez seja mesmo a melhor coisa “with a little help from my friends”.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Insônia

Às vezes acho que percebemos que o tempo passa apenas pela quantidade de hábitos que perdemos. Parece que estou abandonando o hábito de dormir.
Nunca fui campeão neste esporte (aliás, em nenhum outro...), porém o abandono do sono (licença poética) está se aproximando do limite. Parece motor de Fusca quando está pra fundir: anda muito mais que o normal, até o instante em que para de vez.
Minha cabeça está assim. Foi o único jeito de encontrar tempo para esta atualização, junto com todas as atualizações na minha vida, que agora são diárias.
A comparação com o motor do Fusca tem dois lados opostos: o bom, que é o que a gente sempre pode botar óleo para atrasar o processo e o ruim, que não dá para levar no mecânico e trocar as peças.
Sou eu comigo mesmo, agora com mais tempo livre.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Visão

Frase de Stevie Wonder no velório de Michael Jackson:
"Não queria viver para ver isto."

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Perguntas e respostas

Não existe coisa melhor do que perder a paciência para manter a calma e quem leciona sabe muito bem disso. Alguns exemplos de belíssimos diálogos que eu tenho em sala de aula:

Aluno: - Professor, você trabalha ou só dá aula?
Professor educado: - Só dou aula porque não preciso trabalhar!

Aluno: - Professor, posso ir embora?
Professor educado: - Nem precisava ter vindo!

Aluno: - Professor, vai cair tudo na prova?
Professor educado: - Tem algum motivo pra não cair?

Aluno: - Professor, pra que serve essa matéria?
Professor educado: - Pra nada, minha aula não presta pra nada; agora, cala boca e presta atenção!

Aluno: - Professor, você é engenheiro de verdade?
Professor educado: - Não, você é que é!

Aluno: - Professor, pode fazer a prova a lápis?
Professor educado: - Só se você acredita que eu não vou apagar...

Aluno: - Professor, é pra fazer a prova nessa folha?
Professor educado: - Não, a folha é pra fazer um origami!

Aluno: - Professor, vai ter revisão?
Professor educado: - O semestre que vem inteiro!

Aluno: - Professor, porque você multiplicou por 2 em vez de dividir por 1/2?
Professor educado: - Só pra te enganar!

Aluno: - Professor, você vai dar alguma coisa importante hoje?
Professor educado: - A lsita de presença, assina e some da minha frente!

Aluno: - Professor, precisa ser tão grosso?
Professor educado: - Você ainda não me viu só de meia!